HISTÓRICO DO SETOR PEDRO LUDOVICO

LINHA DO TEMPO
ANO 1930 – ERA VARGAS (1930/1945)

Com a Revolução de 1930, Era Vargas (1930-1945) Marcha para o Oeste. Integrar o Sertão do Brasil ao projeto da nação brasileira. Vargas indica como interventor do Estado de Goiás o então Médico Pedro Ludovico Teixeira que fazia parte do Partido Republicano de Goiás, iniciando o “Ludoviquismo“. A mudança da capital passava ao seu significado mais global: um símbolo de ascensão ao poder, uma representação do progresso, do moderno, um divisor de águas entre o velho e o novo Goiás.

Retrato de Pedro Ludovico Teixeira, c.1939, autor desconhecido Fonte: Álbum de Goiaz. Getúlio Vargas com Pedro Ludovico Teixeira

ANO 1933 – DECRETO DE CRIAÇÃO DA NOVA CAPITAL

O decreto estadual nº 3359, de 18 de maio de 1933, determinou a escolha da região às margens do córrego Botafogo, compreendida pelas fazendas Crimeia, Vaca Brava e Botafogo, no então município de Campinas, para a edificação da nova capital de Goiás. A pedra fundamental da cidade de Goiânia foi lançada em 24 de outubro de 1933 , por Pedro Ludovico Teixeira, como homenagem aos 3 anos do início da Revolução de 1930, em pleno altiplano, onde se encontra atualmente o Palácio das Esmeraldas, na Praça Cívica. O local foi determinado pelo urbanista engenheiro, arquiteto, urbanista e paisagista Attilio Corrêa Lima, responsável pelo projeto urbanístico da nova capital.

Construção do Centro Administrativo de Goiânia, ano 1933 Construção do Palácio das Esmeraldas, Sede do Governo de Goiás, 1933

ANO 1935 – TRABALHADORES E IMIGRANTES

A mão de obra básica teve de ser trazida do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia, para constituir um contingente operário que não havia se formado no Estado ao longo de seu processo histórico. Os quase quatro mil anônimos, a outra face dos construtores de Goiânia, viviam em condições subumanas de vida, e os salários, quando pagos, transformavam-se em vales, que, por sua vez, viravam dívidas nas mãos dos agiotas, e acabavam como o lucro das cantinas dos exploradores.

1933 - Construção do Goiânia, Trabalhadores 1933 - Construção do Goiânia, Trabalhadores

1947 – CADASTRO SUBURBANO DE GOIÂNIA (MORADIAS IRREGULARES)

Com Em Goiânia, as moradias irregulares despontaram, principalmente nas margens do Córrego Botafogo, na medida em que aumentava a demanda por mão-de-obra na capital. Das diversas ‘invasões’ que se estabeleceram na cidade desde a sua fundação, destacavam-se no Cadastro Suburbano de Goiânia, realizado em 1947, a Nova Vila, o Botafogo (junto ao córrego homônimo), uma área na Avenida Oeste, a ‘Macambira’ (próximo ao Córrego Areião, área destinada ao Setor Pedro Ludovico).

Ocupação as Margens do Córrego Botafogo, Macambira Ocupação as Margens do Córrego Areião, Macambira

1951 – PRIMEIROS MORADORES (PIONEIROS)

De acordo entre os moradores que Pedro Alagoano é o primeiro a abrir ruas e organizar os lotes no Setor, depois viriam outros que também ganhariam destaque como o senhor Manoel de Oliveira, também conhecido como “Manoel Guarda”, pois também era da Guarda Civil. Ao que tudo indica, foi Pedro Alagoano o primeiro líder comunitário reconhecido.

Pedro Alagoano tinha o comando do território no início e que, a partir da regularização do loteamento, este deixara de ser o representante do Estado. Pedro, por sua existência simples e tradicional, não fez carreira na política e não ficou rico. Segundo nos relata, Wanderley Guimarães (filho do Pedro Alagoano) quando eles chegaram na região, em 1951, seu pai foi designado por Pedro Ludovico para “tomar conta do lugar”. E, pelo que percebemos, ele assim o fez. Demarcou lotes e organizou o lugar do povo morar, organizou a igreja e 70 orientou a vida moral e espiritual; viabilizou o transporte para o centro. Mas, com o processo de regularização do bairro, os lotes foram remarcados, e aí começou “a tensão
dos piquetes”.

ANO 1951/1957 – LACUNA NA HISTÓRIA

No contexto da legalização dos bairros populares, dentre outros situados em áreas pertencentes ao Estado, emergiu a atuação de Ewald Janssen topógrafo responsável pelo projeto do Setor Pedro Ludovico. Desde o Cadastro Suburbano de Goiânia, a década de 1950 marcou oficialmente a inclusão de diversos aglomerados habitacionais e a regulamentação de moradias populares, onde residiam aqueles que até então não passavam de ‘anônimos na malha urbana’. As habitações que se encontravam à margem da cidade planejada para representar o sucesso do projeto nacional, abrigavam os marginalizados da história de Goiânia, homens que construíram a nova capital goiana em condições precárias.

Foto Ewald Janssen, topógrafo alemão responsável pelo desenho urbanístico do Setor Pedro Ludovico. Ocupação de Imigrantes as margens do Córrego Botafogo, Macambira

ANO 1957 – 1º GRUPO DE 506 LOTES 

Apesar da resistência de moradores locais, conforme os documentos da coleção evidenciam, o Setor Pedro Ludovico foi gradativamente demarcado, loteado e redirecionado aos proprietários mediante requisição; em 09 de setembro de 1957, Janssen recebia do DVOP o pagamento de trinta e cinco mil quatrocentos e vinte (35.420) cruzeiros pela demarcação do “1º Grupo de 506 lotes no Setor Pedro Ludovico – Paróquia Bela Vista”

Planta “1º Grupo de 506 lotes no Setor Pedro Ludovico"

Correspondência de Ewald Janssen, endereçada ao secretário do DVOP – Eurico Calixto de Godoi, comunicando as dificuldades estabelecidas pelos moradores da parte invadida do “Setor Pedro Ludovico” no propósito de inviabilizar a demarcação da área. O documento não identifica a data em que foi produzido, entretanto, os outros documentos da coleção que correspondem às demarcações realizadas no Setor Pedro Ludovico situam estes procedimentos nos anos de 1957 e 1958.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS / FOTOS

GUIMARÃES, Leandro Davi. Goiânia, a ‘cidade desplanejada’ do oeste (1950/1980): 
reflexões sobre a capital goiana nos aportes da coleção Ewald Janssen. 2019. 191 f.
Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2019

COSTA, Fernando Viana. 'UM ORNITORRINCO NO CERRADO: BAIRROS POPULARES E OUTROS PIONEIROS NA FORMAÇÃO E EXPANSÃO URBANA DE GOIÂNIA' 2016 - Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Goiás como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em História Cultural, Goiânia, 2016
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